terça-feira, 30 de março de 2010

Um inevitável "repeteco"

Não é nenhuma novidade para os "noveleiros de plantão" a exibição de uma telenovela já apresentada anteriormente. Desde quando as novelas televisivas começaram a criar um forte vínculo com seus fãs, os chamados remakes também fazem parte da programação das emissoras, fazendo com que os telespectadores relembrem as clássicas tramas do passado.

Também não é novidade nenhuma a repetição dos atores e atrizes nos elencos da versão original das telenovelas e do seu remake, sendo que Pecado Capital torna-se um exemplo claro deste fato. O ator Francisco Cuoco, por exemplo, interpretou o taxista e protagonista da trama, Carlão. No remake, Cuoco incorporou outra personagem marcante na novela: Salviano Lisboa - que, por sua vez, ganhou vida com Lima Duarte na versão de 1975.
Lima, aliás, interpretou, em 1998, uma personagem inexistente na trama original de Janete Clair: o assassino Tonho Alicate, que com um tiro acaba tirando a vida de Carlão na última cena da novela.

Outro fator importante, e que acaba influenciando nesse inevitável "repeteco", com toda certeza, é o profundo conhecimento - e paixão - do ator perante a história já vivida anos atrás.

Francisco Cuoco interpretou dois protagonistas nas duas exibições de Pecado Capital

Dos celeiros às orquestras

Hoje, quando confortavelmente nos sentamos num cinema, que tem ar condicionado, poltronas bem estofadas, enormes telas e excelente visibilidade é dificil imaginarmos que os primeiros filmes eram exibidos em feiras livres e celeiros. Nessas ocasiões o projetor era colocado no fundo da sala ou algumas vezes no meio da platéia, e dessa forma, com acompanhamento do incômodo barulho da manivela do projetor, o publico tentava gozar do prazer que um filme, que visto em um celeiro ou em uma confortável poltrona, pode proporcionar.

Foi em uma, das muitas, tentativas de abafar o ruído gerado pela manivela do projetor que se passou a utilizar a música como acompanhamento para filmes. Realejos, fonógrafos e caixas de música foram as primeiras armas para aplacar o zumbido produzido pela máquina de projeção, mas não obtiveram muito êxito. Sendo assim, caixas que abafariam o som foram providenciadas como segunda medida para solucionar o problema dos projetores, e assim pôde-se enfim ver o espetáculo com atenção até então desconhecida. Agora, apenas com o longínquo ruído do projetor os filmes pareciam estranhamente monótonos. O motivo, evidentemente, era que o filme é essencialmente uma arte de movimento, e assim como afirma Kurt London em sua obra Film Music - "Não estamos habituados a apreender o movimento como forma artística sem sons que o acompanhem, ou pelo menos sem ritmos audíveis."

Nesse momento, o cinema deu importante passo e introduziu o pianista como parte do espetáculo (veja em: O cinema e o som). Ao passar do tempo e com a evolução técnica e artística, o cinema foi substituindo o pianista por grandes orquestras. Partituras especiais e peças escritas especialmente para alguns filmes começaram a aparecer, e normalmente eram tocadas somente em estreias. Essas orquestras tocavam canções conhecidas e músicas populares da época, além de clássicos e melodias feitas para "música ambiente". Essas composições eram divididas como: Furioso, Agitado e Luta.

E foi nesse panorama que no final da década de 20 o som apareceu como revolução na esfera cinematográfica. Quando o som acoplado à imagem surgiu nas sessões as orquestras e "músicas ambientes" tornaram-se obsoletas.

segunda-feira, 29 de março de 2010

Do Brasil para o mundo

Pecado Capital foi mesmo um sucesso. A trama da Rede Globo, em seus dois anos de exibição - 1975 e 1998, escritas por Janete Clair e Gloria Perez, respectivamente -, prendeu os amantes da dramaturgia às suas televisões durante os seus 167 capítulos, na primeira edição, e durante os 187 do remake, 23 anos depois.

A aceitação foi tão grande em terras tupiniquins que as duas versões de Pecado Capital foram brilhar também no estrangeiro. Na América Latina e Central, Argentina, Chile e Nicarágua assistiram a famosa trama do taxista Carlão e sua mala cheia de notas valiosas.

E não parou por aí. A Europa também soube da história da Globo: Portugal e Rússia receberam a telenovela no Velho Continente.

Na imagem à esquerda, Eduardo Moscóvis e Carolina Ferraz em cena do remake da telenovela, em 1998

terça-feira, 23 de março de 2010

Não tão bom como antes

A segunda edição de Pecado Capital fora exibida apenas em 1998 - 23 anos depois da primeira exibição, em 1975. Porém, diferentemente de seu ano de estréia nas telinhas tupiniquins, o Ano Internacional do Oceano (pela ONU) mostrou-se inferior ao antecessor na questão cultural.

Relevante para os brasileiros apenas a reeleição de Fernando Henrique Cardoso, pelo PSDB, à presidência, talvez. E, para salvar muitas almas, eis que surge o Google.

Em Paris, a Seleção Brasileira perdia o pentacampeonato mundial (que viria 4 anos depois, na Coréia e no Japão) para a França, com direito a polêmica envolvendo o atacante Ronaldo. Um fim melancólico para a seleção futebolística mais vencedora de todos os tempos.

1998 também foi o ano em que uma das maiores divas da música pop atual apareceu para o mundo: Britney Spears, ainda muito jovem e livre de acusações como espancar paparazzis ou maltratar seus filhos, lançou "...Baby One More Time" e caiu nas graças do público jovem.

Na mundo televisivo, como já tratado logo acima, Pecado Capital volta às tevês brasileiras como remake. A nova adaptação, escrita por Gloria Perez, envolveu novamente os brasileiros na trama de do taxista Carlão e sua famosa mala de dinheiro.

A telenovela, aliás, ainda será tratada de maneira especial por estes blogueiros.

Na foto, Eduardo Moscóvis como Carlão na 2ª edição de Pecado Capital


segunda-feira, 22 de março de 2010

O cinema e o som


A música e o som figuram nas apresentações de cinema desde que este ainda engatinhava. E já neste momento há quem lembre do tão conhecido cinema mudo como oposição à afirmativa anterior.

Realmente, nessa época as esperanças de sincronizar as imagens com sons compatíveis e encontrar músicas representativas para cada cena eram mínimas. Entretanto, o silêncio não era soberano nas exibições desse período. Ritmos forjados ao piano, ou muitas vezes até ao orgão, interrompiam a mudez daquelas sessões e conferiam tom clássico e incrivelmente novo assim como o próprio surgimento do cinema. Nesse quadro, o pianista, então, era o senhor da situação, interpretando à sua maneira cada fragmento da obra exposta.

Esse momento do cinema ficou conhecido como "período mudo", e a compreensão do que acontecia de fato ficava a cargo das legendas que surgiam entre uma cena e outra. Ainda assim a popularidade dessa área só crescia mesmo com a ausência do som.


Em 1926, após inumeros experimentos e dificuldades para solucionar problemas - gerados especialmente pela amplificação e sincronização de som -, a Worner Brothers, revoluciona e introduz o sistema de som vitaphone (gravação de som sobre disco). Já em 1927, "The Jazz Singer" trouxe pela primera vez aos admiradores do cinema a possibilidade de ouvir os diálogos e músicas em um filme, que ainda ficavam intercaladas a partes totalmente sem som. E, finalmente, no ano de 1928, mais uma produção da Warner - "The Lights of New York" - fez história sendo a primeira exibição de cinema com som e imagem sincronizados.

Técnicas de gravação e produção de som no cinema foram sendo aprimoradas ao longo dos anos, e hoje, além da sincronia entre a imagem e áudio, muito da sétima arte pode ser identificado por meio da sonorização que a obra tem. Além de ter se tornado um diferencial e elemento indivisível à grande parte das produções cinematográficas.

quinta-feira, 18 de março de 2010

Trilha sonora?


Procure por uma definição sucinta para o termo Trilha sonora e, certamente, muitas possibilidades se apresentarão, talvez bem diferentes entre si mas nunca opostas. Todas as possibilidades se convergem e apontam para uma só direção. Nas justificativas dadas sobre a temática frequentemente músicas, imagens e grandes lançamentos estão presentes. É típico caso de algo bem conhecido mas que nem todos são capazes de explicar em síntese do que se trata.

A forma que o termo surgiu gera discussões. A história que têm mais adesões dá conta que a designação Trilha sonora surgiu das películas cinematográficas, que em sua parte lateral, fora da parte de projeção, possuía uma faixa esbranquiçada que carregava consigo todas as gravações de sons da obra. Ali estavam a sonorização do filme e também as vozes das personagens.

Estória e histórias à parte, a utilização de sons e música como elemento ou recurso para amparar uma narrativa - que pode ser exibida nos mais diferentes suportes, como: cinema, propaganda, telenovela, entre outros instrumentos de comunicação - é o que aqui denominaremos como Trilha sonora.


Elemento de valor inquestionável nas telenovelas, o que se ouve nessas tramas também será abordado neste espaço.

domingo, 14 de março de 2010

Sorte de quem viveu


1975 foi um ano recheado de acontecimentos procedentes da cultura brasileira e internacional. Um verdadeiro prato cheio para os viventes do então Ano Internacional da Mulher - título este imposto pela ONU.

Tão repleto de música, cinema e tevê que fora capaz de ocultar eventos como a fundação da Microsoft, a mudança da capital do estado do Rio de Janeiro (de Niterói para a cidade homônima), a independência de Angola e a reinplantação do regime monarquico na Espanha das lembranças de nossos pais (ou dos nossos avós e tios, como queiram), por exemplo.

No cinema, o destaque ficou para a fundação da Associação Brasileira de Cineastas, sendo até hoje a mais antiga associação brasileira de diretores de longa-metragens. Além disso, 1975 foi coroado com a produção de alguns clássicos das telonas como Jaws, de Steven Spielberg, Love and Death, de Wood Allen, e Barry Lyndon, de Stanley Kubrick. Um primor.

O mundo musical também fora contemplado com algumas obras primas de seus artistas mais consagrados. O Queen, por exemplo, lançou um dos seus maiores clássicos: Bohemian Rhapsody. O single, ao mesmo tempo, também chegou às tevês mundiais como videoclipe - o que seria o primeiro clipe a ser produzido em todo o mundo, fazendo do Queen um pioneiro no ramo. Enquanto isso, no Brasil, Clara Nunes alcançara o seu ápice: 500 mil cópias vendidas com o LP Claridade - feito este nunca alcançado por uma mulher antes.


Para a tevê, alguns eventos também merecem ser lembrados. A Rede Globo de Televisão, por exemplo, completou 10 anos de vida. E já que o assunto é Rede Globo, impossível não lembrar que Pecado Capital, de Janete Clair, fora levada às tevês brasileiras, sendo também uma das primeiras telenovelas a cores no Brasil. Puro progresso.

Em suma, 1975 foi bárbaro. Sorte de quem viveu - e azar de quem não viveu.

sábado, 13 de março de 2010

Boas vindas

É com muito prazer e felicidade que o blog "A trilha sonora de nossa história" é inaugurado!

O intuito é simples: fazer com que o leitor viaje no mundo das telenovelas - principalmente no clássico "Pecado Capital" -, das trilhas sonoras e de diferentes momentos sociais do Brasil.

Aproveito o ensejo para apresentar também os outros dois autores deste blog: Filip Calixto e Cindy Bonifácio!

Bem vindos!